sábado, 20 de fevereiro de 2010


Sonhei que estava em uma enseada de mar calmo e águas espelhando o céu,
e montanhas verdejantes, e castelos encrustados na vegetação abundante,
daquele verde tão cheio de vida como só o é o verde à luz do meio-dia;
e o céu de um azul tão vivo, como só o é o azul do céu à luz da mesma hora.

Eu tinha as pernas dentro d'água. Uma água fresca e calma.
E diante da beleza do momento eu quis eternizá-lo pela lente digital, diminuta e restrita.
Eu quis filmar o momento, para que o pudesse levar comigo no tempo.
E minha atenção se dividia entre a lente onde não cabia a beleza do instante,
e o simples estar ali.
Certas coisas hão de ser gravadas na memória
de nossos sentimentos, de nossas emoções,
pois só ali se tornam perenes.
Nada mais triste do que imagens que perduram,
e sentimentos que desbotam com o tempo.
Posso lembrar vagamente de lugares onde estive,
mas do que senti eu não esqueço jamais.
Acordei, mas permaneci com a sensação transbordante
que me imprimiu esse sonho,
e a ela revisitei em vários momentos do dia.
Mas só agora, antes de dormir,
tentando entender-lhe o significado, eu percebi.
O mundo espiritual é tão vasto e encantador,
e é tão inútil tentar estreitá-lo com a razão,
e capturá-lo de qualquer forma
que não com nossos corações.
E é em nossos corações que deve ser revisitado, num instante e noutro.
...Sigo lá e cá. Metade submersa na paz infinita do espírito,
metade de olhos abertos à realidade do instante.
Sempre maravilhada com a vida.