sexta-feira, 28 de junho de 2013

O meu amor só crê nas visões que o amor me dá.

"De que é feito o amor? 
Dizem que o amor é a paz..."

Amor é bênção.
É êxtase e dor,
É um peito inflado,
Um peito arfante
São lábios selados,
Cavalos selvagens,
E um turbilhão de flores despetaladas...


É uma certeza íntima de que o outro sente também.
É o que puxa outra alma pra junto da nossa.
Amor é entrega.

Eu entendo tanto de amor.
Amor não me falta.
Compartilho o meu amor pelos poros, pela voz, pelo olhar, pelo afago, pelo pensamento.
Um dia o amor não coube no ser amado, transbordou, e me livrou das cadeias do romantismo.
Mas eu as visito, de tempos em tempos...
Calha de hoje eu estar, assim, "romântica".
Tomara que passe logo... Porque tenho sérias suspeitas de que o romantismo tem seus passos sorrateiramente seguidos por uma dama negra, disfarçada de ilusão. Quando o capuz lhe cai aos ombros, desnuda-se a realidade.




quinta-feira, 27 de junho de 2013

Uma Carta à Mesa Estranha...

Não sei como fui dar lá.  Não sei como, mas em sonho a porta se abriu.  Era uma casinha rústica, dessas de cidades do interior, onde tudo o que se sabe é da vida dos outros.  Havia um vaso com camélias sobre a mesa, como se alguém esperasse visita. De resto, a casa parecia abandonada, desde o século em que "Em Algum Lugar do Passado" o amor aconteceu.

Havia uma janela ao lado da mesa, sobre a qual um carta, selada com zelo, e com esmero embalada, repousava. Era uma carta com destinatário certo, embora não se pudesse precisar quem fosse.

   ...Eu a li.  Tudo o que sei é que, naquela casa perdida no tempo, num lugar pitoresco sem data no tempo, havia um apelo sofrido.  Era de um coração há tanto esperançoso e amargurado, exausto da espera pelo amor tardio... Era de um sofrimento indizível, ainda que ao máximo se tentasse escondê-lo.  ...O sofrimento de um coração grande, espaçoso, com vastas janelas do tempo, onde o amor poderia se estender sem limites, para além do que se convenciona nos dias de agora.

     Eu não sei como foi, mas num dos jardins desse, então mausoléu, me deparei com alguém que nunca havia visto, trocado palavra sequer, mas que me soava muito familiar ao dizer "De longa data eu te espero!".

     Aquele que me espera sem noção do tempo/espaço; aquele que me aguarda pelos séculos; aquele cuja alma se afina com a minha, perdido entre as nesgas do tempo, lá estava...

     Eu não sei como vim dar aqui.
     Seu ar era amargo, desesperançoso, sofrido.
     Mas eu soube, desde então, que Ele me esperava.

     A carta sobre a mesa estrangeira, eu a rasguei.  Fui ao seu encontro como quem nascesse naquele momento, sem dores pretéritas. Fui ao seu encontro para dizer-lhe que escreveu uma carta ao passado, e que escrevesse, então, uma linda carta, de boas vindas, ao agora que eu represento.