segunda-feira, 15 de julho de 2013

Metáfora das Pedras




"Há quem, diante da primeira pedra, abandone o caminho...

Mas não existem caminhos sem pedras.




Há os que vêem a pedra maior do que ela realmente é e,

No entanto, há outros que vêem a pedra pequena.





Tem também os que sabem saltá-la com vigor, mas...

Deixam-na no caminho de quem vem atrás.

Há os que crescem ante a pedra, 

mas há também os que se diminuem.




E tem quem a afaste do seu caminho, 

para colocá-la no caminho dos outros.

Há aqueles que amarram a pedra no pescoço...

Mas não há pior cego do que aquele que não quer ver a pedra!

E há quem goste de “cultivar” a pedra.






E quem, sem olhar para sua própria pedra, 

critica todos os que têm uma pedra no caminho.




Há quem veja pedras onde não há pedras...






E há quem culpe os outros pela sua pedra;

Há também aqueles que zombam da sua pedra,

E quem trate de passar pela pedra sem ser notado...

Há quem tire bom proveito da pedra;





E também quem goste de viver todo o tempo encostado na pedra...

Há quem dê uma tremenda volta 

para não bater de frente com a pedra;




E há quem goste de colecionar pedras,

 mas que terá sempre que quebrá-las, 

para então seguir caminho!




...E você, o que faz da sua pedra?"


*****


...A minha, eu a uso como trampolim!!!  :-)





domingo, 7 de julho de 2013

Vendo Além

Era uma vez uma pessoa que enxergava em quatro dimensões.
Sim. Ela via não apenas largura, profundidade e comprimento, mas por algum obscuro dom enxergava também o conteúdo de tudo.
E isso era uma bênção. Isso a tornava diferente de grande parte das pessoas, em que pese sentir-se tão irmanada da humanidade...
Mas o que a faria sentir-se assim? ...Ela experienciara, há tempos, o confronto com si mesma. Adotou uma ideologia, e a seguiu, independentemente de isso significar, no mundo material, deixar a zona de conforto. Deixar as asas protetoras da família e aventurar-se na realidade de uma forma que poucos creriam.
O que ela fez?
Mergulhou em tudo o que pregava.
Mergulhou de cabeça na ideologia que aprendera desde cedo a adorar: "Não há diferença entre mim e qualquer outro ser humano. Eu os compreendo profundamente. Os aceito. Nutro profunda compaixão pelos desafortunados, pelos oprimidos, pelos pobres de dinheiro e pelos pobres de espírito; pelos que erram..."

Ela (sim, era uma mulher) parou de julgar.

Teve que escolher entre subjugar o orgulho próprio ou render-se a uma condição material muito inferior. Ela não era Buda, mas o Príncipe que deixou o reino para viver entre os súditos, como um deles, Esse lhe inspirava intensamente.  E o carpinteiro também. Aquele que perdoava, e ainda que ela não conseguisse lhe copiar a mansitude e humildade de coração, ela também o admirava, profundamente.

...Então, essa mulher teve uma experiência única e reveladora. Como teria alguém que, aos 18 anos, se rebela contra a família e decide viver por suas próprias pernas. Seria possível viver de salário mínimo? Sem plano de saúde? Pagando aluguel, conta de luz? Tomando banho de cano? Esperando a condução junto com uma moça que sempre carregava um lenço de papel para limpar do solado do sapato o barro vermelho de onde vinha? Seria possível alguém deixar o conforto material por uma questão de princípios, de orgulho, e se submeter a isso? ...Pois isso foi o que de melhor lhe aconteceu em anos de vida.

Sentiu-se humilhada quando a kombi chegou, para buscar-lhe a mudança da zona nobre da cidade, rumo àquela bendita terra de barro vermelho e gente humilde. Sentiu-se acuada, com medo, mas foi adiante. E sentiu fome... Mas a bondade alheia lhe serviu uma fatia de pão de forma com um ovo frito, que ela temperou com lágrimas muito, muito gratas.   ...O crescimento exige coragem. Mas vale para o espírito tanto quanto o ouro para os mercadores.

Aquela mulher dormia com o barulho dos grilos, via o céu límpido da noite com suas milhares de estrelas, compreendendo que havia tanto mais no universo do que seu ego poderia supor; aquela mulher abria os olhos, a cada manhã, como quem nascesse a cada novo dia. ...Aquela mulher foi muito feliz.  E o que ela adquiriu é riqueza imperecível, inalienável, eterna.  E tornou-se muito, muito rica por causa dessa história, tão vívida em sua memória, que é como se a revivesse sempre que revisita o passado.

É preciso muito pouco para ser feliz.