segunda-feira, 2 de abril de 2018


E algo me diz que é tudo ilusão. 
O que vejo, o que sinto, nada é real.
Que o que me dizem são sopros, jogados ao acaso, com dúbios e abjetos significados. 
Que o que é mesmo real tem silêncio na essência,  e se manifesta por vias secretas. 
Algo me diz que instintos são mais fiéis que palavras, e atitudes mais confiáveis que proposições. 
Algo me diz que amor de verdade supera a volúpia.  Que posso amar o que não vejo e, até mesmo, o que não tem mais corpo.
Algo me diz que amo com o pensamento. 
Gratidão pela perfeição da criação,  que não encerra seus mais preciosos dons em pedaços perecíveis. 
Tenho certeza, há muito além do que se desvela a olhos nus. 



domingo, 1 de abril de 2018

Vitória


     47 anos errando e acertando... Sem querer
matei um gatinho afogado, aos 8 anos. Foi como eu aprendi o remorso.

     Roubei um imã de geladeira aos 9, e essa mulher digna que me gerou fez com que eu devolvesse e pedisse desculpas. Foi assim que aprendi a honestidade. 

     A generosidade me foi mostrada muito cedo, por uma amiguinha que me emprestou a boneca e ficou brincando sozinha. Mas essa eu custei a aprender...

     Aos 16 anos fui execrada publicamente por um comportamento promíscuo que eu não tinha. Foi assim que aprendi o que significam a inveja e a maledicência. 

     Reproduzi intriga, inveja e maledicência várias vezes, em nome de um amor doentio. Fugi de um grande amor o mais longe que pude, e aprendi que nem a distância, nem a morte nos arrancam o amor do peito. 
Prejulguei muita gente, cometi injustiças, fui dominada pelo ego e instrumento de todo tipo de vaidade, para aprender que, no fundo, sou só uma merdinha. 

     Mas, ainda assim, o Criador me considerou digna de receber uma de suas pérolas, que aos olhos do mundo é sinônimo de imperfeição. Então aprendi o preconceito, e como ignorá-lo. Afinal, preconceito é fruto da ignorância.

     E depois de tanto errar e aprender, Deus viu por bem me entregar a responsabilidade de lidar com o poder sobre a liberdade de outros seres humanos. Há exatos 16 anos...  

     Mas quanto a isso só tenho motivos para comemorar. Porque o ego então já havia sido domado, ao ponto de que um pingo de poder não me deslumbrasse. O preconceito então já havia me ensinado o respeito para com todos os seres humanos. Os erros então já haviam me ensinado que crueldade não é sinônimo de justiça. A maledicência então já havia me mostrado que não se julga nem condena o que não se conhece de fato. ...Também conheci a violência. Ela me ensinou que é a moeda de troca errada.

     Mas talvez o mais importante tenha sido conhecer o amor, a abnegação, a doçura e a mansidão nos exemplos dentro de casa.

     Profundamente grata a Deus por tantas oportunidades de me tornar alguém melhor.

     Profundamente grata a todos os que não me julgaram, não me condenaram, e sobretudo aos que me perdoaram. A consciência já me é rigorosa demais.

     Senhor Ganesha segue à minha frente, e sob a sua influência removo todos os obstáculos do caminho, rumo à vitória do espírito: a única e verdadeira vitória. 


sexta-feira, 23 de março de 2018

     "O que teremos para o café da manhã?

    Lembranças frescas do farto deleite da noite anterior, dos olhos que penetraram fundo tua alma cativa nas entranhas que pulsam ainda.

   E, como acompanhamento, esse deslumbramento que te infla o peito a cada vez que respiras, oxigena tua nuca e te inspira, dizendo  que alguns de nós são confeitos na vida um do outro."