47 anos errando e acertando... Sem querer
matei um gatinho afogado, aos 8 anos. Foi como eu aprendi o remorso.
Roubei um imã de geladeira aos 9, e essa mulher digna que me gerou fez com que eu devolvesse e pedisse desculpas. Foi assim que aprendi a honestidade.
A generosidade me foi mostrada muito cedo, por uma amiguinha que me emprestou a boneca e ficou brincando sozinha. Mas essa eu custei a aprender...
Aos 16 anos fui execrada publicamente por um comportamento promíscuo que eu não tinha. Foi assim que aprendi o que significam a inveja e a maledicência.
Reproduzi intriga, inveja e maledicência várias vezes, em nome de um amor doentio. Fugi de um grande amor o mais longe que pude, e aprendi que nem a distância, nem a morte nos arrancam o amor do peito.
Prejulguei muita gente, cometi injustiças, fui dominada pelo ego e instrumento de todo tipo de vaidade, para aprender que, no fundo, sou só uma merdinha.
Mas, ainda assim, o Criador me considerou digna de receber uma de suas pérolas, que aos olhos do mundo é sinônimo de imperfeição. Então aprendi o preconceito, e como ignorá-lo. Afinal, preconceito é fruto da ignorância.
E depois de tanto errar e aprender, Deus viu por bem me entregar a responsabilidade de lidar com o poder sobre a liberdade de outros seres humanos. Há exatos 16 anos...
Mas quanto a isso só tenho motivos para comemorar. Porque o ego então já havia sido domado, ao ponto de que um pingo de poder não me deslumbrasse. O preconceito então já havia me ensinado o respeito para com todos os seres humanos. Os erros então já haviam me ensinado que crueldade não é sinônimo de justiça. A maledicência então já havia me mostrado que não se julga nem condena o que não se conhece de fato. ...Também conheci a violência. Ela me ensinou que é a moeda de troca errada.
Mas talvez o mais importante tenha sido conhecer o amor, a abnegação, a doçura e a mansidão nos exemplos dentro de casa.
Profundamente grata a Deus por tantas oportunidades de me tornar alguém melhor.
Profundamente grata a todos os que não me julgaram, não me condenaram, e sobretudo aos que me perdoaram. A consciência já me é rigorosa demais.
Senhor Ganesha segue à minha frente, e sob a sua influência removo todos os obstáculos do caminho, rumo à vitória do espírito: a única e verdadeira vitória.